A Época publicou uma matéria sobre os medicamentos que o SUS só fornece por ordem judicial. É um texto estranho, que tenta chamar a atenção para a "injustiça" de alguns pacientes terem mais recursos destinados a si do que dezenas de outros anualmente. Por outro lado, as declarações dos políticos ligados à saúde citadas são bestiais - como chamar de "indústria" advogados que se especializam em conseguir os remédios receitados e dar a entender que os médicos só receitam esses tratamentos porque recebem subornos das farmaceutícas.
No caso particular do personagem da matéria, a coisa se complica um pouco: há um outro tratamento possível e mais barato: o transplante de medula. Embora também não sej simples, não é como se a única alternativa para ele fosse receber 800 mil em medicamentos anualmente. Talvez fossem necessárias regras mais claras para determinar que caminhos o paciente devesse percorrer antes de ter acesso a esses medicamentos mais caros.
É fato que o dinheiro sai de algum lugar e que não é infinito. Mas acusar esses pacientes de cometerem alguma injustiça é absurdo: não é somente por falta de recursos que o Brasil ainda lida com doenças facilmente curáveis ou tratáveis.
23.9.15
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Um comentário:
Um problema grave da matéria é colocar os gestores como boas almas que são "forçados" a tirar recursos de outros lugares. Ah como eles queriam ajudar mais pessoas se esses terríveis processos não atrapalhassem!
A matéria falha em não mostrar que nem todo mundo que ganha medicação por ordem judicial faz tratamento no Sírio, muitos sofrem grandes entraves pra conseguir as medicações e, pasmem, a saúde pública não seria absolutamente melhor. Quanto mais o gestor puder economizar com saúde...
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